Saúde Financeira e o Papel do RH

Artigo: Saúde Financeira e o Papel do RH

Os desafios da inovação da gestão humana são muitos e não podemos nos esquecer da questão da saúde financeira do colaborador, pois cada vez mais a forma como o colaborador lida com sua vida financeira (ou seja, com seu salário) tem gerado impactos na sua produtividade e em sua relação com a empresa na qual trabalha.

Infelizmente não temos a questão da educação financeira tratada adequadamente como política pública no Brasil. Para se ter uma ideia, os Estados Unidos iniciaram seu projeto de Educação Financeira nas escolas na década de 50 e o Brasil, timidamente, começou agora. Ou seja, temos uma legião de adultos no mercado de trabalho, atuando em empresas de todos os segmentos, com formação escolar e até diplomas universitários, no entanto, sem nenhuma educação financeira.

A falta de informação sobre o assunto começa desde o desconhecimento sobre como ter e gerenciar a própria conta bancária (vemos muitos colaboradores usando o cheque especial como parte do salário e não entende porque a empresa deposita o salário todo mês, mas nunca dá para pagar as contas) até o desconhecimento e descontrole em relação aos descontos que são feitos em folha (tanto os descontos legais – INSS e IR, quanto os que ocorreram por adesão do colaborador – convênio médico, seguro de vida, crédito consignado, etc.).

Além disso, estes trabalhadores estão, cada vez mais, tendo acesso a crédito fácil, rápido e caro, aumentando substancialmente o endividamento e o descontrole sobre o orçamento doméstico das famílias. Segundo Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) de junho/2020, realizada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), 67,1% dos brasileiros estão endividados; 25,4% tem dívidas ou contas em atraso e 11,6% acreditam que não terão condições de pagar.

Mais o que isso tem a ver com a gestão de pessoas? Estudos revelam que devedores apresentam um grande risco de perder o controle sobre a ansiedade e o estresse. Os sentimentos de incapacidade e impotência com o acúmulo de despesas limitam o desempenho das pessoas e podem resultar, muitas vezes, em casos de depressão. Endividados são mais ansiosos, estressados e tem dificuldade de concentração. Além disso, os problemas financeiros, na maioria das vezes, geram graves problemas familiares que acabam por afetar o desempenho no trabalho.

Em geral, o colaborador endividado tem a sensação de que é mal remunerado, vive pedindo empréstimos, adiantamentos, vales, antecipação de férias e 13º salário e muitos querem fazer “acordo” para serem demitidos acreditando que a verba rescisória irá mudar suas vidas.

As consequências que percebemos com o aumento do endividamento dos colaboradores no médio prazo é que há uma diminuição da motivação e da produtividade, gerando um aumento no custo de rescisão e, consequentemente, um aumento no custo de contratação e treinamento de novos colaboradores. Trata-se de um círculo vicioso que não é bom nem para a empresa, nem para o trabalhador e, tampouco, para a sociedade. Ou seja, este é um assunto que precisa ser considerando na inovação da gestão humana por parte das empresas, pois o trabalhador que tem a vida financeira em ordem estará mais concentrado no trabalho, produzindo melhor e tendo uma melhor percepção do seu salário. Cuidar da saúde financeira do colaborador é uma ação, além de socialmente responsável, economicamente viável, pois retorno em produtividade e melhoria de indicadores se refletirão nos resultados da empresa.

Você quer esperar o programa de educação financeira no Brasil decolar ou vai fazer a diferença agora na sua vida e na dos colaboradores da sua empresa?

Janaine Pimentel - Moneta Consultoria e Treinamentos